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09/03/2010

Cuidado com o som no ouvido





Uso excessivo de fone e volume acima de 85 decibéis podem danificar a audição


Francisco Gomes


Os fones de ouvido viraram moda. São mais comuns entre os adolescentes, mas os mais velhos também os usam. Prova disso é que até mesmo os aparelhos de telefone agora contam com entrada para fones de ouvidos, os quais, em muitos casos, já fazem parte do kit básico que vem junto com o aparelho. Eles já estão no mercado muito antes de se ouvir falar em MP3 player, iPod, iPhone.
Com a popularização desses aparelhos, tornou-se muito comum encontrar pessoas com fones de ouvido nos mais variados ambientes. Mas é dentro dos ônibus ou metrôs onde mais pessoas aderiram à moda. Há quem use o acessório para ouvir música, notícias e até mesmo para estudar.
Há muito tempo já existe uma preocupação com as pessoas que passam muito tempo fazendo uso desse acessório aparentemente inofensivo. Estudos e pesquisas têm sido feitos nesta área e os resultados são preocupantes.
De acordo com a otorrinolaringolista Cristiane Guimarães, o maior problema não é o uso do fone de ouvido em si, mas sim o exagero de muitas pessoas. “Se usado corretamente, por períodos não muito longos com volume suficiente para ouvir claramente o que se pretende, não há problema algum. Só que muita gente coloca um volume tão alto que é possível quem estiver perto ouvir a conversa. A exposição a um ruído muito elevado pode provocar lesão irreversível nas células ciliadas internas da cóclea e pode acarretar uma diminuição da audição. Essa lesão leva ao zumbido – uma espécie de barulho desconfortável para o ouvido”, explica a especialista.
Segundo a médica, os ouvidos aguentam uma intensidade sonora de até 60 decibéis sem sofrer dano algum, acima disso a audição já começa a ser prejudicada. “Tem gente que ouve uma música em 85 decibéis. Esse é um nível letal e que deve ser evitado por quem costumar usar o fone. Quanto maior for a intensidade, menor é o tempo em que podemos ficar expostos sem sofrer as consequências mais tarde”, alerta.
Cristiane Guimarães lembra que o uso cotidiano do fone pode provocar a perda súbita da audição. “Eu tive um paciente de 22 anos que teve esse problema causado pelo volume muito alto do som da boate que ele frequentava. Ele chegou ao consultório totalmente surdo de um lado. Felizmente o jovem procurou ajuda a tempo, o que deve ser feito em no máximo 72 horas”, recomenda.
Ainda de acordo com a especialista, uma das classes profissionais mais prejudicadas com o uso frequente e diário do fone é a de operador de telemarketing. “Tenho muitos pacientes que exercem essa profissão. O uso contínuo por parte dos operadores acaba causando um cansaço devido à exposição ao ruído. O ideal seria se eles tivessem um acompanhamento regular de um otorrino e contassem com o auxílio de fonoaudiólogo e até mesmo psicólogo”, sugeriu.
O diagramador Maurício Chaves costuma ouvir música quando não está lendo. Mas ele não ultrapassa o volume permitido para não sofrer com problemas de audição. “Na verdade, eu prefiro ler a ouvir música. Ouço no ônibus e no metrô. Só quando não dá para ler eu aproveito para ouvir aquilo que gosto. Quando estou no metrô, por exemplo, eu desligo no momento em que o trem passa pelos túneis porque o barulho é muito grande”, relata.
Wenderson Kênio Tavares Castro, 23 anos, estudante de direito afirma que já sabia dos males que o uso frequente do fone pode causar ao ouvido, por isso usa o acessório de forma moderada. “Independentemente do lugar acho que é preciso usar com moderação. Eu mesmo uso o fone no celular para ouvir música e até para ouvir aulas de Direito gravada”, relata.
Ainda há outro problema relacionado aos fones de ouvidos, mas ainda desconhecido por muitos: a dependência. Assim como a dependência química, há relatos de pessoas que se tornaram dependentes dos fones de ouvido e não conseguem fazer absolutamente nada sem eles, mesmo que não estejam tocando música alguma. Em casos mais graves, os usuários chegam a apresentar sintomas da chamada crise de abstinência.
Dois dos principais sintomas dessa dependência são a dificuldade de concentração e o nervosismo excessivo da pessoa quando ela não está com o acessório nas orelhas. A agressividade repentina também pode ser um indicativo de que a pessoa está precisando de ajuda, antes que a situação se agrave.

DOR


A exposição a um som com intensidade de 90 decibéis por mais de sete horas pode causar alguns danos à audição, mas basta um segundo para que um som com 140 decibéis de intensidade cause danos irreversíveis à audição, chegando a causar dor.
Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais da metade dos adolescentes entrevistados, que usa de ouvidos, apresentaram três dos principais sintomas de perda de audição: ouvir constantemente zumbidos e barulhos de campainhas, aumentar o volume da TV e do rádio, e dizer “hein?”, “hã?” e “o quê?” durante conversas normais e em ambientes pouco ruidosos. Algumas pessoas apresentam ainda sintomas secundários, como o surgimento da labirintite, tontura e dor de cabeça.

Entenda o que é um decibel

Na escala decibel (dB), o menor som audível tem uma intensidade de 0 dB. Como se trata de uma escala logarítmica, um som dez vezes mais forte do que o menor som audível tem intensidade igual a 10 dB; um som cem vezes mais forte, 20 dB; um som mil vezes mais forte, 30 dB, e assim por diante.
Para ficar mais claro, confira abaixo a intensidade de alguns sons mais corriqueiros.


Quase silêncio total - 0 dB.
Sussurro - 15 dB.
Conversa normal - 60 dB.
Buzina de automóvel - 110 dB.
Show de rock - 120 dB.
Tiro ou rojão - 140 dB.

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